Educação e Sociedade em Rede
Atividade
2: Cibercultura
1 - Definição
segundo Pierre Lévy;
2 - Exemplos
de Cibercultura.
1 – Definição de cibercultura segundo
Pierre Lévy.
Através de
uma linguagem simples, Pierre Lévy, na sua obra Cibercultura, recorrendo a
contextualizações históricas e metáforas, apresenta-nos este novo movimento
evolucionário de cultura.
Antes da
apresentação das definições propostas neste trabalho, Lévy (1999) escreve que “é impossível separar o humano do seu
ambiente material, assim como dos signos e das imagens por meio dos quais ele
atribui sentido à vida e ao mundo. Da mesma forma, não podemos separar o mundo
material – e menos ainda a sua parte artificial – das ideias por meio das quais
são concebidos e utilizados, nem dos humanos que os inventam, produzem e
utilizam” (p.22).
Nestas breves
palavras, o autor refere que as invenções humanas criadas para agilizar a
vivência da humanidade, são uma extensão do Homem. A partir do momento em que a
sociedade associa estas inovações ao seu quotidiano, torna-se complexo definir
os limites entre o naturalmente humano e o artificialmente humano.
Contextualizando,
a cibercultura não é um avanço titânico da humanidade, trata-se sim da típica
evolução, constante e interminável, do homem em busca da perfeição. Desde o
início da sua evolução, o homem agregou-se em pequenas comunidades que
partilhavam um conjunto de regras sociais e culturais. Com o decorrer de
milénios de evolução, o social e o cultural complexificaram-se. Com a emergência
dos mass média nos primórdios do
século XX, a partilha de informação através da rádio, televisão e imprensa
levou ao aparecimento da cultura de massas, em que milhares, ou mesmo milhões
de pessoas, partilhavam os mesmos interesses. O advento do computador com
ligação à internet, apenas agilizou, simplificou e amplificou este movimento.
Para que a
cibercultura faça sentido, há que definir o seu meio de transporte, o ciberespaço.
Este termo tão atual surgiu em 1984 pela mão do escritor William Gibson, no seu
romance de ficção científica Neuromancer. O ciberespaço, ou rede como o autor também
define, “é o novo meio de comunicação que
surge da interconexão mundial dos computadores” (idem, p.17). Trata-se de um meio flexível de aceder e partilhar
recursos, independentemente do seu local de origem. Graças ao seu constante
crescimento, a comunicação tornou-se mais interativa, obrigando a que o homem
abandone a postura passiva em que se encontrava formatado pelos tradicionais
meios de comunicação. O ciberespaço atribuiu à humanidade uma característica divina:
o dom da ubiquidade, em frente a um computador com ligação à internet, podemos,
em tempo real, estar em qualquer canto do mundo.
Como podemos
descrever a composição do ciberespaço? Segundo Lévy (1999), “o ciberespaço não compreende apenas
materiais, informações, é também constituído e povoado por seres estranhos,
meio texto meio máquinas, meio atores meio cenários: os programas” (p.41). “O ciberespaço suporta tecnologias
intelectuais que amplificam, que exteriorizam e modificam numerosas funções
cognitivas: memória (banco de dados, hipertextos, arquivos digitais de todos os
tipos), imaginação (simulações), perceção (sensores digitais, telepresença,
realidades virtuais) e raciocínios (inteligência artificial, modelização de
fenómenos complexos)” (idem, p.157).
A
cibercultura, é a cultura que prolifera na rede, é “um conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de
atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com
o crescimento do ciberespaço” (idem,
p.17). Através da partilha de informação através do ciberespaço, estamos a
criar o ambiente adequado ao desenvolvimento de uma inteligência coletiva
(poderei arriscar cibercultura?) que transpõe barreiras geográficas e
linguísticas. “Quanto mais o ciberespaço
de amplia, mais ele se torna universal” (idem, p.111). “A cibercultura
dá forma a um novo tipo de universal: o universo sem totalidade” (idem, p. 119), ou seja, graças à
evolução constante da informação, a cibercultura é um continuum de atualizações e ampliações. Metaforicamente, podemos
aplicar a teoria do Big Bang do
universo real ao ciberespaço, por estar em constante crescimento.
Segundo Lévy,
a cibercultura assenta em três princípios, cuja relação profunda impede que
funcionem separadamente:
- Interconexão – a cibercultura
baseia-se na comunicação universal através da ligação entre dispositivos com
ligação à internet, de modo a que a informação circule fluentemente;
- Comunidades virtuais – a comunicação
efetua-se com o auxílio da interconexão. Uma comunidade virtual constrói-se sob
uma base comum de interesses, troca de conhecimentos e cooperação de
indivíduos, independentemente da sua localização geográfica;
- Inteligência
coletiva – a construção do conhecimento e a resolução de problemas
baseia-se na cooperação. O autor compara um indivíduo a um neurónio – cada um
de nós (neurónio) se deve manter ativo na partilha de conhecimento,
tornando-nos responsáveis pela construção/aumento da cibercultura e do
ciberespaço (cérebro).
Por esta
ordem de ideias, podemos afirmar que a cibercultura é um movimento simbiótico do
social e do técnico. Consequentemente, sabendo os princípios da cibercultura, o
autor constata que “a emergência do
ciberespaço é o fruto de um movimento social, com o seu grupo líder (a
juventude metropolitana escolarizada), as suas palavras de ordem (interconexão,
criação de comunidades virtuais, inteligência coletiva) e as suas aspirações
coerentes” (idem, p.123).
Fonte:
Lévy, Pierre.
(1999). Cibercultura. Rio de Janeiro:
Editora 34.
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2 - Exemplos de Cibercultura.
a) Partilha de vídeos, imagens e música
Atualmente,
proliferam na rede sítios especializados na partilha livre dos itens acima
referidos, de onde podemos destacar, o youtube,
o flickr e o lastfm. Assim se criam modas (ex: fotos individuais apelidadas de selfie – palavra do ano do dicionário de
Oxford) e se atenuam diferenças culturais.
b) Redes sociais
O facebook, twitter, … já fazem parte do quotidiano de grande parte da população
mundial. Nas redes sociais, as pessoas falam, comentam, participam em fóruns/
grupos de debate e conhecem novos amigos sem que haja necessidade de uma
proximidade física.
c) Jogos online e realidades virtuais
Quem ainda
não ouviu falar do farmville ou do second life? Atualmente existem jogos
que que se baseiam na interação de vários indivíduos que não necessitam,
obrigatoriamente, de se conhecerem.